Abel Neto, exclusivo para Copa Bafana

Abel Neto faz parte do grupo de três jornalistas negros, da Rede Globo, já escalados para a cobertura da Copa do Mundo, na África do Sul. De viagem marcada para o Uruguai (embarca dia 13 de abril) e com as malas por fazer, o jornalista generosamente respondeu às perguntas enviadas por e-mail.


COPA BAFANA - Sua participação na cobertura dos jogos da Copa do Mundo na África do Sul é diferente de qualquer outro lugar?


ABEL NETO - Com certeza será diferente. Sou negro e vai ser emocionante estar no continente dos meus ancestrais. Além do mais vai ser a primeira Copa disputada no continente Africano.


COPA BAFANA - Você já conhece a imprensa africana? Tem muitas diferenças em relação ao Brasil?


ABEL NETO - Não conheço a imprensa africana ainda. Mas sei que em alguns países africanos há uma censura muito forte (como já houve no Brasil) e até assassinatos de jornalistas (pelo que sei não é o caso da África do Sul no momento).

COPA BAFANA - Como você pretende apresentar os problemas que existem na África do Sul aos telespectadores e leitores?


ABEL NETO - Acho que devemos mostrar os problemas do país da mesma forma que faríamos em qualquer outro lugar (ou da mesma forma por exemplo que fizemos na China quando cobrimos os jogos de Pequim). O importante é mostrar os lados bons e ruins do povo, das cidades, dos governantes...etc


COPA BAFANA - Como você planeja as matérias com a equipe de jornalistas?


ABEL NETO - O planejamento da cobertura é feito antecipadamente pelos chefes de reportagem. Muitas pautas surgem no estudo feito por essas pessoas antes mesmo da viagem, outras "aparecem" lá mesmo, com a observação de repórteres, editores, produtores, pauteiros e dos próprios chefes.


COPA BAFANA -Quando o jornalista é convocado, quanto tempo é preciso para se preparar e buscar informações sobre o lugar?


ABEL NETO - Não há um tempo específico, mas quanto mais tempo voce tiver...melhor. Por exemplo, eu viajo no dia 2 de junho. E já li um livro sobre o continente africano chamado "Pé na África" do jornalista Fábio Zanini. E agora estou lendo "Invictus, Conquistando o Inimigo" de John Carlin, um livro que fala de desafios enfrentados por Nelson Mandela na África do Sul. Antes de grandes coberturas a Tv Globo sempre promove palestras com especialistas e professores (já tivemos duas) que nos ensinam um pouco mais dos lugares onde estaremos. Além disso, é claro que é fundamental estudar e conhecer as Seleções, o regulamento, os jogadores, estádios, enfim..tudo relativo ao evento que vamos cobrir (e não só a seleção brasileira).


COPA BAFANA - Quanto tempo antes do início dos jogos é necessário ir para o país? De quantas coberturas de eventos internacionais (copa, olimpíadas) você já participou? Qual foi a que mais lhe agradou e por quê?


ABEL NETO - Depende muito do que você vai fazer lá. O repórter Renato Ribeiro por exemplo já está há mais de um ano na África do Sul. Tem gente que vai um mês antes, outros uma semana antes do início dos jogos. Isso varia muito mesmo. Estive no torneio pré-olimpico de futebol no Chile em 2004. Na Copa do Mundo da Alemanha em 2006. Na Copa América de futebol na Venezuela em 2007. E nos jogos olímpicos de Pequim em 2008. Além de jogos da taça Libertadores da América em diversos países da América do Sul. Em todos os eventos e viagens você conhece lugares e pessoas diferentes e interessantes. Se tivesse que escolher um sem dúvida seria a Olímpiada de Pequim. É emocionante estar entre os melhores profissionais do mundo num evento tão emocionate como os jogos olímpicos.
Ver de perto a diversidade de etnias e culturas, o esforço e a superação dos atletas, a emoção de um atleta ao subir ao pódio, ao completar uma prova...(às vezes nem que seja em último lugar...) o choro de uma Maurren Higa Maggi com a medalha de ouro no peito e o hino brasileiro tocando num estádio lotado como vi em em Pequim é fascinante e inesquecível.